Associação quer saber como é que o CaixaBank vai financiar a operação e qual o peso que o seu acionista controlador, o Criteria, vai ter no BPI.
Os acionistas minoritários do BPI admitem impugnar a Oferta Pública de Aquisição (OPA) do CaixaBank se o banco espanhol não divulgar no prospeto como pretende financiar a operação.
“Estamos a preparar e posicionar-nos no BPI através de veículos próprios para impugnar a OPA e o prospeto caso o mesmo não contenha a informação necessária para os acionistas poderem fazer um juízo fundamentado da operação e tomar uma decisão jurídico-económica consciente”, diz ao Dinheiro Vivo Octávio Viana, da Associação de Investidores e Técnicos do Mercado de Capitais (ATM), que tem representado os acionistas minoritários das cotadas em várias operações.
Os minoritários do BPI estão preocupados com a forma como o CaixaBank vai financiar a operação, avaliada em 1,6 mil milhões de euros – o banco espanhol, que tem 44,1% do BPI, oferece 1,13 euros por cada ação que não possui do banco liderado por Fernando Ulrich, representando o preço médio ponderado por volume nos últimos seis meses.
Esta é a segunda OPA que o Caixabank lança sobre o BPI, depois de em fevereiro do ano passado ter oferecido 1,329 euros por ação. O valor agora oferecido fica 16% abaixo da proposta de fevereiro, que avaliava os quase 56% remanescentes no banco em 1,9 mil milhões de euros.
CaixaBank mantém BPI em bolsa e quer reestruturar operação portuguesa.
“Somos favorável à OPA do BPI, que mais não é do que antecipar uma OPA obrigatória em resultado das desblindagem dos estatutos, mas atentos e procurando a máxima informação sobre o oferente e quem de facto domina o oferente”, esclarece Octávio Viana.
A justificar as preocupações dos acionistas minoritários está a reorganização do CaixaBank, através do banco Criteria, controlador do Caixabank e pertencente ao grupo La Caixa. O CaixaBank está a transferir alguns ativos para o banco Criteria, nomeadamente outros bancos, como a participação de 17% no Bank of East Asia (BeA) ou a de 9% no Inbursa.
A venda, definida em 2015, tinha como objetivo reduzir o consumo de capital e reforçar os rácios mas a ATM questiona o banco espanhol com a operação estar a ser processada em ações e não em ‘cash’, o que não contribui para reforçar a solidez do banco, explica Octávio Viana. Apenas 642 milhões de euros foram pagos em dinheiro, com os restantes dois mil milhões a serem pagos em ações.
“O CaixaBank está a transferir participações para o banco Criteria com a justificação de reforçar a liquidez. Se precisa de reforçar a liquidez onde se vai financiar para comprar o BPI?”, questiona Octávio Viana. Os minoritários do BPI querem que esteja especificado no prospecto onde é que o banco espanhol vai angariar capital para financiar a operação e qual o impacto da compra nos rácios do CaixaBank. Se isso não acontecer, ameaçam impugnar a OPA.
CaixaBank estuda aumento de capital para financiar OPA ao BPI A ATM participou na assembleia-geral do CaixaBank, a 28 de abril onde, juntamente com a associação que representa os minoritários espanhóis do banco catalão, expressou as suas preocupações. Os acionistas minoritários têm contestado a venda do Bank of East Asia (BeA) ao Criteria. Defendem que esta é uma operação em conflito de interesses; que não passa pela assembleia geral de accionistas (onde o Criteria deveria ser impedido de votar), segundo os minoritários.
“O CaixaBank é acionista do BPI, mas quem o controla, pelo que se percebe, é o Criteria. Ou seja, nada nos garante que no futuro o BPI fique sujeito aos interesses do Criteria e que o CaixaBank venha a transferir o BPI para este banco em condições também elas não ratificadas por uma legitima assembleia geral de acionistas”, diz Octávio Viana.
“Temos receios que o oferente CaixaBank esteja a ser controlado pelos interesses do Criteria, quer nas operações atuais como com o BeA, mas quer nas futuras envolvendo o BPI, ficando a dúvida se o destino do BPI vai ser igual ao do BeA, com prejuízo para os seus acionistas minoritários”, frisa o responsável da associação de pequenos acionistas.
Além disso, a ATM também quer saber onde ficará o BPI se a OPA tiver sucesso, uma vez que as participações em bancos estão a ser transferidas para o Criteria. A garantia dada na assembleia-geral foi de que o banco ficaria no CaixaBank e seria gerido a partir de Espanha, revela Octávio Viana. Caixa Bank comprou cinco bancos em quatro anos Além dos minoritários do BPI também os minoritários do CaixaBank estiveram na assembleia-geral do banco a “denunciar a falta e transparêcia do banco, assinalando que a operação de permuta com o Criteria afecta os acionistas do bganco asiático e devia ter sido submetida à consideração da assembleia-geral de accionistas”, segundo um comunicado conjunto da Associação Mundial de Investidores, Better Finance e AEMEC.
Veja mais em: https://www.dinheirovivo.pt/banca/minoritarios-do-bpi-admitem-impugnar-opa-do-caixabank/#sthash.TiPGE7gH.dpuf
Por Cátia Simões - 03.05.2016 11.31