Com a devida vénia, reproduzimos a noticia do Jornal de Negócios que da nota da posição e opinião do Senhor Dr. Miguel Cadilhe relativamente ao tratamento dos pequenos accionistas do BES; posição essa que esta Associação subscreve completamente.
Apesar de esta ser uma "falha grave", o economista considera que ainda há espaço para corrigir a situação. "Há uma hipótese de solução, que era o Novo Banco comprar as acções do BES aos pequenos accionistas", apontou o antigo ministro das Finanças
Miguel Cadilhe considera que os "pequenos accionistas do BES tiveram um tratamento miserável" na solução encontrada para o banco. "Foi a pior solução. Os pequenos accionistas vão a um aumento de capital e a seguir ficam completamente expropriados", disse o antigo ministro das Finanças ao Negócios à margem da celebração dos 30 anos da Associação Portuguesa de Analistas Financeiros (APAF).
"A solução aqui falhou. Os pequenos accionistas deviam ter sido salvaguardados, no que é, aliás, é tradição em Portugal de proteger os aforradores, sejam depositantes, sejam titulares de fundos de investimento", observou.
No entanto, apesar de considerar esta uma "falha grave", ainda há espaço para corrigir a situação. "Considero ainda recuperável, e há uma hipótese de solução que era o Novo Banco comprar as acções do BES aos pequenos accionistas".
"Afinal de contas, o dinheiro do aumento do capital social - que os pequenos accionistas subscreveram - onde é que está? Esse dinheiro está no Novo Banco", apontou o economista.
Para Miguel Cadilhe esta situação é uma "injustiça" e atinge "em cheio o próprio bom nome do mercado de capitais, porque há anos que andamos a tentar tratar bem os pequenos accionistas. As próprias privatizações tratam bem os pequenos accionistas, no meu tempo como ministro das Finanças falou-se de capitalismo popular e depois dá-se esta machadada".
O antigo ministro das Finanças rejeita que os pequenos accionistas tenham de estar informados ao mesmo nível de grandes accionistas. "A própria capacidade de entender, de ler a informação, do pequeno accionista, não é comparável à capacidade de um grande accionista ou de um investidor institucional", considera.
"Não podemos tratar de modo igual situações que são perfeitamente desiguais e que, alias, a tradição tem consagrado como desiguais", defendeu Miguel Cadilhe.